Morar na Itália, assim como em qualquer lugar da Europa e do mundo, tem seus prós e contras.
Em Verona, a cidade do Romeu e Julieta, prestei consultoria para uma empresa e aproveitei o restante do tempo para estudar italiano e fazer novas descobertas.
Na Itália, vivi experiências incríveis ao longo de um ano, mais ou menos.
Fiz amizades sinceras, que me fizeram chorar na despedida, emagreci 8 kg (sim, emagreci na Itália), conheci lugares fantásticos (que é um imenso benefício, quando se reside em um país europeu), mas também tive dias de tristeza que não me deixaram dormir.
Os prós e contras de morar na Itália
Um banho de história, arte e arquitetura todos os dias
O país é muito bonito e cada lugar tem uma história diferente, uma arquitetura que nos envolve e algum detalhe cultural novo para descobrir.
Costumo dizer que a Itália é um problema, quando você visita pela primeira vez, pois, como o país inteiro é muito turístico e proporciona atividades completamente diferentes para fazer, a gente sempre sente aquela necessidade de retornar, em uma nova viagem à Europa.
A Itália respira arte em todos os sentidos e tem muitas, mas muitas exposições disponíveis.
Não podemos desconsiderar que o país foi o berço do Renascimento e que apresentou pintores de peso ao mundo, como Leonardo Da Vinci, Rafael, Michelangelo, Caravaggio e por aí vai.
Da mesma forma, a Itália tem peso na literatura, na música e no teatro. As crianças aprendem latim na escola (ao invés do inglês).
E é mais fácil um adulto se interessar pelo grego antigo do que outro idioma. Interessante, não?
Que tal conhecer a Itália primeiro, antes de planejar uma mudança definitiva ao país?
Se você não conhece bem a Itália, vale a pena planejar uma viagem curta para conhecer o país, antes de se mudar.
Com o tour de 5 dias da Civitatis, você poderá conhecer cidades icônicas italianas, como:
- Roma
- Veneza
- Florença
- Assis
- Siena
- Bolonha
- Pádua
- Montepulciano
O pacote inclui:
- Transporte em ônibus de luxo com wifi entre as cidades visitadas
- Guia em português
- 4 noites de hospedagem em hotéis 4 estrelas, com café da manhã
- 2 almoços e 2 jantares
- Ingressos para algumas atrações
Preço: a partir de 830 euros por adulto, em quarto duplo.
QUERO SABER MAIS SOBRE O TOUR ANTES DE ME MUDAR PARA A ITÁLIA
E as curiosidades culturais não param por aí…
O italiano ama os espetáculos lúdicos!
Sempre há peças e óperas incríveis, em anfiteatros romanos e lugares históricos.
Sempre ouvia, de manhã cedinho, uma ou outra pessoa escutando ópera no carro, quando caminhava para o trabalho.
Para morar na Itália é necessário lidar com a separação diária entre o norte e sul do país
Estando na Itália, a gente sente uma barreira bastante rígida entre o norte e sul do país.
Essa linha imaginária pode ser traçada mais ou menos na cidade de Roma, que fica em uma posição central do país.
No norte, as pessoas são menos expansivas, estão em uma situação econômica mais favorável e até fisicamente são diferentes (mais parecidas com os austríacos, alemães e suíços, em outras palavras, mais altas e com olhos e cabelos mais claros).
Já no sul, as pessoas sorriem mais e qualquer pequeno assunto vira uma conversa de horas.
Outras diferenças percebidas
Há lugares lindos no sul da Itália, mas a gente sente que, em algumas cidades, como Nápoles, por exemplo, a segurança e a limpeza deixam a desejar.
Muitas vezes tive a sensação de que, quanto mais próxima à sola da bota, maior ficavam as dificuldades dos habitantes e a pobreza.
Italianos não falam inglês
Se os italianos não fossem tão receptivos, muitos turistas ficariam na mão, porque eles só falam italiano, mesmo.
Já passei por situações que, nem no centro de informações turísticas do Aeroporto internacional de Malpensa, em Milão, falavam inglês.
Com algumas exceções de grandes empresas privadas, alguns transportes públicos, hotéis, lojas de departamento e restaurantes muito badalados, é só em italiano e na mímica, risos.
Não vá morar na Itália achando que você conseguirá um emprego rápido porque fala 5 idiomas e tem mestrado em universidade de ponta.
É necessário ter um alto nível de italiano para conseguir um emprego na sua área de formação, principalmente se for em cidades menores.
Na região do Vêneto, muita gente tem se esforçado para aprender alemão.
Em Trentino, por exemplo, que é uma cidade com alta qualidade de vida no país, só consegue emprego se falar italiano e alemão.
Até mesmo em cidades do Vêneto, como Vicenza e Veneza, tinham muitos produtos alemães em supermercados.
Mas o italiano não é uma barreira
Apesar da necessidade de falar italiano estando na Itália, não é uma língua tão difícil de aprender, pois a sonoridade de várias palavras é parecida com o português.
Dá para compreender bem conversas entre pessoas, alguns programas de TV e até construir frases simples para se virar no dia a dia, em um ou dois meses de aula.
Além disso, aprender italiano é delicioso, porque a língua é muito cantada e é necessário abrir bem a boca para pronunciar as vogais (se diz “italiÁÁÁno”, por exemplo. E não “italiâno”).
Para você ir aprendendo o idioma, tente falar a palavra mais longa do dicionário: sovramagnificentissimamente (que significa “muito mais que magnífico”).
Italiano oficial X dialetos
Muita gente diz que na Itália ninguém fala a mesma língua, porque cada commune tem o seu dialeto.
Na verdade, depois que a Itália foi unificada, o italiano oficial passou a ser um só, que é o descendente do dialeto da Toscana.
Os idosos conversam entre si por meio de dialetos (que não dá para entender nada, por sinal), mas quase 50% da população, principalmente os mais jovens, usa mesmo o italiano oficial para se comunicar.
A televisão, as revistas, as informações na rua, tudo está escrito com o italiano oficial.
E não se preocupe com relação a isso também, pois todos sabem falar a língua oficial.
É questão de preferência e tradição regional.
Não existe fila
Se tem uma coisa que me irrita na Itália é a questão de não ter fila.
No mercado, se você virar para o lado para pegar alguma coisa, esquece. Já perdeu a sua vez.
Na prefeitura ou para entrar em um avião, vai formando um aglomerado de gente, tudo junto, que só se dá bem quem estiver mais para a frente.
Nessas horas, sempre acontecem pequenas brigas entre eles porque, além de tudo, são muito impacientes e falam bem alto nestes momentos.
É adorável fazer compras na Itália
Fazer compras na Itália é uma delícia, mesmo em supermercados.
Há lojas de departamentos excelentes para comprinhas do dia a dia, como Benetton, OVS e até a inglesa Primark está em várias cidades.
Os eletrônicos são baratos também, assim como os móveis e objetos de decoração.
Vi muitas coisas bonitas em lojas diversas, afinal, o design italiano e o bom gosto são outras fortalezas da cultura.
Dá para mobiliar uma casa rapidamente na Itália, assim como comprar um carro.
Um Alfa Romeo pequeno, por exemplo, via por preços a partir de 15 mil euros.
Mas também é importante considerar a contratação do seguro de veículo. Algo que tem um custo relacionado ao valor do veículo, mas nada extravagante também.
Somente para referência, para um carro popular, 1.6, custaria em torno de 300 – 500 euros por ano (*a avaliar pela cotação do euro).
Mas pode ser caro morar na Itália…
Segundo o site da Numbeo, que fez a medição do custo médio de vida de 3.128 pessoas nos últimos 12 meses, em diferentes lugares da Itália, as cidades mais caras do país para viver são:
1. Milão
2. Bolonha
3. Parma
4. Florença
5. Bérgamo
6. Roma
7. Trento
8. Genova
9. Trieste
10.Treviso
11. Brescia
12. Pádua
Sendo que o custo de vida em Pádua, na 12º posição, é aproximadamente 20% mais baixo que em Milão, na 1º posição.
O interessante é que a renda média de alguém que vive em Pádua é quase a metade da Milão.
Mais sobre custo de vida
Ainda, segundo a mesma pesquisa, o salário médio mensal de um residente na Itália é de 1.552,02 euros.
O preço por metro quadrado para comprar apartamento no centro da cidade é de cerca de 3.756,40 euros. Já fora do centro, 2.276,14 euros.
Para alugar 1 quarto, no centro da cidade, custa cerca de 652,87. Um apartamento de 3 quartos, no mesmo local, cerca de 1.265,67 euros.
O custo estimado mensal de uma família de 4 pessoas é de cerca de 15.500 reais, sem considerar o aluguel. Uma pessoa apenas, cerca de 4.500 reais.
Já sabe onde irá morar na Itália?
Nos primeiros meses, se você for à Itália para “fazer um teste” ou apenas conhecer o lugar onde pretende morar, ALUGUE UM APARTAMENTO OU CASA DE TEMPORADA, em uma plataforma que não lhe deixará sem suporte, diante de necessidade.
Use o mapa interativo abaixo para encontrar a melhor hospedagem para o seu perfil.
Basta inserir o nome da cidade, que todas opções disponíveis aparecerão por localização e preço.
Outros custos médios
Dia a dia
- Gasolina (litro): 1,95 euros
- Passe mensal: 35 euros | Passe unitário: 1,50 euros
- Eletricidade, calefação, água e lixo para um apartamento de 85 m²: 185,55 euros, mas pode chegar a 327 euros, dependendo do número de pessoas
- Internet de 60 Mbps, dados ilimitados ou cabo: 28,04 euros
- Academia: 46,77 euros, podendo chegar a 70 euros, dependendo da cidade
- Cinema: 9 euros
Mercado
- Refeição para 1 pessoa em restaurante econômico: 15 euros
- Cappuccino: 1,50 euros
- Refrigerante: 2,28 euros
- Água: 1,08 euros
- Pão branco fresco: 1,72 euros
- Arroz branco (1 kg): 2,10 euros
- 12 ovos: 2,97 euros
- Queijo regional (1 kg): 12,72 euros
- Filé de frango (1 kg): 9,28 euros
- Maçã (1 kg): 1,92 euros
- Tomate (1 kg): 2,45 euros
- Batata (1 kg): 1,32 euros
- Garrafa de vinho (gama média): 6 euros
*Atenção: os valores apresentados acima são “médios”. Ou seja, pode variar para mais ou para menos, dependendo da cidade e estabelecimento visitado.
As informações acima foram coletadas em Março de 2023.
Os dados também podem sofrer alterações, conforme atualizações da pesquisa Numbeo ao longo do tempo. Eles servem apenas como “referência”.
A comida é saudável e é possível emagrecer
Eu não mudei os meus hábitos alimentares na Itália. Pelo contrário, acho que piorei. Comia mais chocolates, pizzas e pastas.
Acredito que tenha perdido peso com essa dieta, porque há uma variedade de produtos orgânicos muito grande no país (até a farinha é natural).
Além disso, o preparo é quase sempre de forma artesanal.
Usam muito azeite para cozinhar (e não o óleo vegetal) e tudo é feito na hora do consumo.
Outro fator interessante é que, assim como os italianos, fazia tudo andando, então, perdia bastante peso também.
Aliás, você sabia que a Itália é o terceiro país que com a menor taxa de obesidade do mundo?
Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em 2021, a taxa de obesos é de 9,8%, sendo que nos EUA é de 38,2%.
Mais vinho, por favor
Em vários restaurantes da Itália, se você pedir água poderá custar alguma coisa, mas o vinho da casa, talvez, seja uma cortesia.
É natural beber vinho para acompanhar uma refeição e os preços não são exorbitantes.
Além disso, cada região do país tem um tipo de vinho diferente.
Eu, particularmente, recomendo o Barolo (Piemonte), Valpolicella (Veneto) e o Chianti (Toscana).
Nem toda comida pode ser interessante experimentar
Como muitos sabem, cada região da Itália tem uma comida típica para experimentar, mas algumas podem não ser tão interessantes ou gostosas (raras exceções, mas existem).
Em Verona, onde morei, parei de consumir carne de vaca, por exemplo.
O cheiro e o gosto não eram bons e não consegui me adaptar. Até o hambúrguer comprado em supermercado não era bom.
Mas, em contrapartida, comprava frango e peixe no dia a dia, ou então ia para outras cidades italianas, então, deu tudo certo.
Uma carne apreciada em Verona, apenas a título de curiosidade, é a de cavalo e há vários açougues que são especialistas no animal.
Eu não experimentei e até fiquei chateada quando descobri o hábito alimentar, mas é algo cultural e atrelado à história para eles.
Então, apenas respeitei.
Aceitação de imigrantes
No meu caso, considerando a mim apenas como pessoa, não senti preconceito.
As pessoas até me pediam informação na rua, talvez por alguma semelhança física porque, de fato, a origem da minha família é italiana.
Contudo, há uma resistência, sim, aos imigrantes.
Os africanos chegam aos montes em várias cidades da Itália, porque eles vêm de uma realidade onde a pobreza é extrema e a violência é muito grande.
Vão para os países europeus para buscar uma vida melhor (o que poderia até ser compreendido de outra forma, pois os países africanos foram colônias exploradas pelos europeus por séculos).
Também percebia certa resistência aos muçulmanos e curdos, de uma forma geral.
Até suástica (o símbolo nazista) cheguei a ver em ruas, o que me deixou chateada…
As dificuldades ao chegar na Itália
Independente de quem chegar à Itália, vai se deparar com um país com grandes problemas econômicos, em recessão e com níveis de desemprego superiores a 10%.
E a chegada dos imigrantes representa, na “cabeça do italiano”, em mais pobreza, mais competitividade por um emprego, mais gente para assessorar no sistema público de saúde (que quem paga é o italiano), enfim… Não aceitam.
Na TV local tem, quase que diariamente, notícias sobre algum africano assassinado, a máfia nigeriana que cresce (além da italiana, que é a popular) e os africanos que se rebelam.
Em muitas cidades da Itália, como em Bolonha, por exemplo, eu vi manifestações dos africanos pedindo mais respeito, anunciando a violência contra eles ou exigindo condições melhores de vida.
Essa aceitação ao imigrante muda de uma commune para a outra, há um certo desnivelamento, no caso.
Em Verona, sentia bastante resistência e, com frequência, via africanos revirando o lixo em busca de alguma comida.
Resumidamente, aprendi muito morando na Itália e foi uma experiência incrível.
Se você pretende morar no país, apenas considere que, além dos prós, há pontos negativos também e certamente você precisará lidar com eles ao logo da sua vida no país.
Mudar de país não é um “mar de rosas”, mas também não é um “martírio”…
É diferente apenas.
Você está pensando em morar na Itália?
Quais são as suas principais dúvidas sobre uma possível mudança?
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